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Velhos são os Trapos!
Se disser a uma pessoa conhecida “estás velho” é muito provável que oiça esta resposta: “Velhos são os trapos”. Velhos são os trapos porque as pessoas não envelhecem, diz-se.
A evolução da ciência e da medicina permite-nos viver mais anos com saúde e qualidade de vida, fazendo com que seja possível mantermos a esfera privada (família, lar e escola) e a esfera pública (trabalho e vida social) ativas por mais tempo.
Porque vivemos até mais tarde os governos viram-se obrigados a alargar a idade da reforma, a fim de assegurar as pensões de quem por aqui fica numa vida mais grisalha, mas nem por isso menos interessante.
Também o privado e a sociedade civil criam cada vez mais condições para que as pessoas se possam sentir integradas, continuando a criar valor nas organizações e na sociedade em geral. Desta forma a diferença entre gerações será cada vez menos sentida uma vez que todos colaboram, de acordo com as suas competências, para o bem comum.
Em Portugal testemunhamos cada vez mais casos práticos de experiências que procuram, por um lado, fazer o upskilling e/ou reskilling de trabalhadores seniores, ao mesmo tempo que favorecem a intergeracionalidade nos locais de trabalho.
A Casa do Impacto, é um programa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) cujo propósito é contribuir para a criação de Impacto Social positivo na comunidade. Esta criou o projeto 55+ que proporciona uma vida ativa a todos aqueles que com mais de 55 anos de idade querem ocupar-se e /ou pôr os seus talentos ao serviço da sociedade.
Se para muitos, dizem, a idade pode ser um impedimento para uma vida mais ativa e saudável, para o 55+, é uma excelente oportunidade para fazer algo de que se gosta e que pode ser útil para a comunidade.
Deste modo, o projeto cria uma plataforma de serviços agrupados em quatro valências —acompanhamento, casa, aulas, reparações— onde pessoas com mais de 55 anos prestam serviços tão diversos com acompanhar um idoso a uma consulta, dar aulas de música, passar a ferro, dar explicações a jovens, passear e cuidar de cães, entre outras ofertas disponíveis. Basta ir ao site escolher o serviço que pretende e preencher um breve formulário tendo em vista um posterior contacto por parte do 55+.
Outra boa prática é o empreendedorismo 5.0 um projeto do Instituto Pedro Nunes (IPN) em Coimbra, um programa de formação e mentoria —que conta na sua própria equipa com um grupo intergeracional de formadores— que dá formação e mentoria em empreendedorismo a pessoas com pelo menos 50 anos, escolaridade mínima obrigatória, e cuja situação profissional seja uma das seguintes: empregadas por conta de outrem ou por conta própria, pessoas desempregadas ou pessoas ativas, em situação de reforma ou outra.
O empreendedorismo 5.0 procura apoiar todos aqueles que com mais de 50 anos sonham criar e gerir o seu negócio e que para isso precisam de refrescar conhecimentos, desenvolver competências de empreendedorismo, tirar partido de uma rede de contactos e mentores, ou refrescar conhecimentos.
Curiosamente, e no que ao empreendedorismo diz respeito, ainda de acordo com o empreendedorismo 5.0, diversos estudos indicam que pessoas que iniciam o seu próprio negócio com mais de 50 anos são duas a três vezes mais bem-sucedidas do que as que têm menos de 30 anos. No entanto quase todos os programas de apoio ao empreendedorismo são voltados para jovens.
Com o envelhecimento da população portuguesa a acelerar a um ritmo considerável será desejável rever também as ofertas de formação e incentivo ao trabalho nomeadamente desde público mais sénior que continua a enfrentar alguma discriminação na hora de procurar emprego.
Se velhos são os trapos, os jovens seniores que aí andam dirão com cada vez mais frequência: em que posso ser útil?
Sugestões de leitura:
Casa do Impacto
https://casadoimpacto.scml.pt/
55+
Empreendedorismo 5.0
https://cincopontozero.pt/index.html