Com a primavera à espreita e a pandemia já mais aliviada decidimos ir falar com pessoas que por via profissional estão diariamente em contacto com jovens e adultos que procuram emprego e, por outro lado, que trabalham em estreita colaboração com as empresas que procuram profissionais competentes para o mercado de trabalho. Ao longo dos próximos meses contamos publicar outras entrevistas na expectativa de partilharmos um retrato mais fiel desta realidade em que pessoas e organizações têm em comum: a expectativa de ter mais e melhor trabalho.
Este mês falámos com Cláudia Lopes (CL), Managing diretor na empresa de RH Coutinho, Neto & Orey (NCO), e professora de Pós Graduação, da disciplina de Metodologias de Avaliação de Potencial Humano do Instituto Superior de Gestão.
CL: As Instituições de Ensino Superior (IES) estão muito atentas a este desafio, que foi acelerado com o contexto de pandemia, com a necessidade de aquisição de novas competências por parte dos recém-licenciados e uma necessidade de upskilling e reskilling dos profissionais inseridos na faixa etária dos 40 aos 65 anos. Sabemos que as IES assumem um papel determinante no desenvolvimento dos indivíduos, tanto ao nível das hard como das soft skills e também na empregabilidade dos mesmos.
Assim, as IES têm vindo a trabalhar no sentido de reduzir o gap existente entre as skills de saída e as skills exigidas pelos empregadores, através de estratégias bem definidas, com a construção de programas de formação adaptadas às necessidade reais do contexto e das organizações, através de ações focadas no desenvolvimento dos “novos saberes”.
Existe cada vez mais uma proximidade entre as IES e as organizações, no sentido de colmatar os gaps laborais atuais. Trata-se de identificar competências agregadas pela via do conhecimento específico e pela multifuncionalidade que tornam os profissionais aptos a uma recolocação no mercado de trabalho.
CL: Efetivamente sentimos por parte das empresas empregadoras uma maior abertura e sensibilidade para a promoção de locais de trabalhos mais inclusivos, julgo que este aspeto também se encontra muito relacionado com a estratégia de atração e retenção de talento.
CL: Não sendo infelizmente uma generalidade, temos conhecimento de organizações que promovem programas de mentoring e reconversão para diminuir gaps geracionais e internos e também aumentar os níveis de conhecimento interno, com intervenção direta dos colaboradores mais séniores, que apresentam diferentes perspetivas de análise e formas de atuação.
CL: A experiência de mais de 20 anos na área do recrutamento diz-nos que a discriminação etária continua a ser um dos fatores críticos no modo como as empresas encaram a força de trabalho de profissionais com mais de 50 anos. Apesar de existir no Código de Trabalho, legislação que regulamente regras de não discriminação, o problema é, muitas vezes, a falta de adequação entre a legislação e prática das empresas sobretudo de determinados sectores, que promovem rescisões amigáveis a partir dos 55 anos.
Instituto Superior de Gestão
https://www.isg.pt/home/oferta-formativa/pg/gestao-recursos-humanos/
LinkedIN de Cláudia Lopes
https://www.linkedin.com/in/claudia-lopes-78226113/#education
Coutinho, Neto & Orey
https://www.cnorey.com/pt/